Por Andra Ribeiro,
Novembro de 2002. Eu era uma dessas meninas sonhadoras, que acreditavam em vestibulares, ainda que distantes, ainda que ausentes.
Uma colega e eu ficamos sabendo da existência do ENEM nos 48 minutos do segundo tempo.
Nunca disse a ele que tirei mil na redação e nem que eu havia saído bem nas provas. Não cheguei a conversar com ele depois. Não disse que consegui passar no vestibular , nem que me tornei professora.
Só alimentei muita gratidão, tanto que votei nele em três eleições. O voto era uma espécie de "Juranda, muito obrigada pelo começo de tudo!".
Mudei o voto nas últimas eleições, mas a gratidão, essa minha companheira inseparável, continuou.
Em 2020, voltei a votar nele. Assim que Pablo lançou o nome de Juranda como vice , algo me fez voltar a acreditar.
Fizemos a inscrição. Estudamos. A prova acontecia em Goiânia, mas só nos atentamos para isso dias antes de fazer a prova.
Não havia dinheiro para pagar a passagem. Não havia nem esperança, afinal, o que duas adolescentes do Nordeste Goiano iriam fazer em Goiânia?
Não havia dinheiro para pagar a passagem. Não havia nem esperança, afinal, o que duas adolescentes do Nordeste Goiano iriam fazer em Goiânia?
E ainda fazer ENEM? Desistimos como sempre.
Em Campos Belos, nessa época, era bem mais fácil desistir. A desistência era o caminho mais largo, mais certo, mais povoado de gente.
Uma gente esquecida ...
Estava na escola tentando cumprir os dias cansados de mais uma greve. A minha amiga foi ao meu encontro com um sorriso radiante:
Uma gente esquecida ...
Estava na escola tentando cumprir os dias cansados de mais uma greve. A minha amiga foi ao meu encontro com um sorriso radiante:
- Juranda vai nos levar para fazer a prova do Enem em Goiânia!!!
E fomos. Ele nos levou, nos deixou na casa de uma colega e nos trouxe de volta. Ainda consigo me lembrar da minha voz tímida quando ele me deixou em casa: "Quanto é, Juranda?"
E fomos. Ele nos levou, nos deixou na casa de uma colega e nos trouxe de volta. Ainda consigo me lembrar da minha voz tímida quando ele me deixou em casa: "Quanto é, Juranda?"
Lógico que eu não tinha dinheiro para pagar a passagem de ida e volta. Mas eu vim de Goiânia até Campos Belos pensando como poderia pagá-lo?
Ensaiei assim: "E se eu desse aulas particulares? Se meu irmão me ajudasse? Se minha mãe conseguisse vender os ovos? E se..."?
- Andra, valeu! Que você passe lá na prova que você fez.
- Andra, valeu! Que você passe lá na prova que você fez.
Nunca disse a ele que tirei mil na redação e nem que eu havia saído bem nas provas. Não cheguei a conversar com ele depois. Não disse que consegui passar no vestibular , nem que me tornei professora.
Só alimentei muita gratidão, tanto que votei nele em três eleições. O voto era uma espécie de "Juranda, muito obrigada pelo começo de tudo!".
Mudei o voto nas últimas eleições, mas a gratidão, essa minha companheira inseparável, continuou.
Em 2020, voltei a votar nele. Assim que Pablo lançou o nome de Juranda como vice , algo me fez voltar a acreditar.
Não sei em quê, mas tive um pouco de esperança. Talvez seja a mesma esperança de quem precisou do carro dele um dia e ele emprestou. De quem precisou de remédio, de um trocado, de uma palavra de conforto.
A mesma esperança de quem ganhou um uniforme pra alimentar o sonho de jogar futebol. A de quem foi socorrido num momento em que só podia contar com Juranda.
A esperança de quem precisou de um abraço, de uma conversa leve e boba.
De quem contou com um conselho de alguém experiente. Esse alguém que não frequentou uma faculdade , não tinha diploma, mas tinha vocação para ensinar e paciência para aprender.
A mesma esperança dos oprimidos, dos esquecidos, dos que entendem e sabem da importância de um gás, uma cesta básica, um boleto pago na hora de um aperto.
A esperança dos que sabem que não eram só coisas que ele dava, arrumava, ajeitava... Não era só voto. Era muita coisa quem nem cabem aqui...
E Juranda sabia bem levar essa esperança aos mais humildes. Sem tantos holofotes, sem anúncio no jornal... Ele gostava do barulho, mas também sabia estender a mão em silêncio.
A mesma esperança de quem ganhou um uniforme pra alimentar o sonho de jogar futebol. A de quem foi socorrido num momento em que só podia contar com Juranda.
A esperança de quem precisou de um abraço, de uma conversa leve e boba.
De quem contou com um conselho de alguém experiente. Esse alguém que não frequentou uma faculdade , não tinha diploma, mas tinha vocação para ensinar e paciência para aprender.
A mesma esperança dos oprimidos, dos esquecidos, dos que entendem e sabem da importância de um gás, uma cesta básica, um boleto pago na hora de um aperto.
A esperança dos que sabem que não eram só coisas que ele dava, arrumava, ajeitava... Não era só voto. Era muita coisa quem nem cabem aqui...
E Juranda sabia bem levar essa esperança aos mais humildes. Sem tantos holofotes, sem anúncio no jornal... Ele gostava do barulho, mas também sabia estender a mão em silêncio.
Ninguém o via tirando fotos entregando uma cesta, emprestando seus dias inteiros, suas horas a fio. NUNCA FOI SÓ UM VOTO! Era a política do olho a olho, da voz exaltada e ao mesmo tempo gentil.
Juranda estava em todos os cantos, doando a sua atenção, sua força e sua forma corajosa de fazer política.
Não precisou criar perfis falsos para se eleger em 2020. Suas redes sociais eram os bares, o estádio, as roças, a câmara na qual viveu há anos... Seu retrato era a estrada, a Strada em que ele abria caminhos...
Ele também tinha uma certa esperança de que " o povo é quem manda".
Ousou acreditar nisso porque já havia percorrido a cidade inteira , já havia distribuído esperança a várias casas, a inúmeros olhares despedaçados.
Populista? Não consigo descrevê-lo somente assim. Ele é imenso!
Mas eu sei que, assim como a Andra de 2002, há inúmeras pessoas, agora, pensando:
"Juranda se foi. Mais uma pessoa se foi em Campos Belos!E a nossa esperança"?
Minha mãe que sabe de toda essa minha história me disse essas palavras há pouco :
- Andrinha, não fique triste, Deus deve estar precisando de gente boa como ele no céu. Deus tá precisando de ajuda, Andra. Tá ficando complicado pra Deus.
É isso: Juranda foi ajudar Deus no céu. Numa hora dessas ele deve estar todo empolgado, fazendo uma solicitação ao rei dos reis:
- Deus, sou eu, o Juranda. É que Campos Belos tá precisando de esperança!
"Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar". Josué 1:9
#Deustácomagente
#ÉDeusquemtámandando:
#TENHAMOSFÉ
#TENHAMOSESPERANÇA
Juranda estava em todos os cantos, doando a sua atenção, sua força e sua forma corajosa de fazer política.
Não precisou criar perfis falsos para se eleger em 2020. Suas redes sociais eram os bares, o estádio, as roças, a câmara na qual viveu há anos... Seu retrato era a estrada, a Strada em que ele abria caminhos...
Ele também tinha uma certa esperança de que " o povo é quem manda".
Ousou acreditar nisso porque já havia percorrido a cidade inteira , já havia distribuído esperança a várias casas, a inúmeros olhares despedaçados.
Populista? Não consigo descrevê-lo somente assim. Ele é imenso!
Mas eu sei que, assim como a Andra de 2002, há inúmeras pessoas, agora, pensando:
"Juranda se foi. Mais uma pessoa se foi em Campos Belos!E a nossa esperança"?
Minha mãe que sabe de toda essa minha história me disse essas palavras há pouco :
- Andrinha, não fique triste, Deus deve estar precisando de gente boa como ele no céu. Deus tá precisando de ajuda, Andra. Tá ficando complicado pra Deus.
É isso: Juranda foi ajudar Deus no céu. Numa hora dessas ele deve estar todo empolgado, fazendo uma solicitação ao rei dos reis:
- Deus, sou eu, o Juranda. É que Campos Belos tá precisando de esperança!
"Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar". Josué 1:9
#Deustácomagente
#ÉDeusquemtámandando:
#TENHAMOSFÉ
#TENHAMOSESPERANÇA
Emocionante!
ResponderExcluirEspetacular!!! Descreveu com emoção a alma do amigo Juranda
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